sábado, 23 de julho de 2011

O dom de tentar se iludir .

Você se apaixona. Não por uma pessoa em si, mas por um sonho, uma idealização, uma personificação daquele romance típico de cinema dos anos 50 ou novela das 6. Aí você vive - e quem dera o ato fosse tão simples quanto a palavra pequena, de duas sílabas, sendo elas duas consoantes e duas vogais. Mergulha naquela ilusão que você alimentou dia após dia, que criou como se fosse seu filho, ou sei lá, seu cachorro de estimação. Um belo dia, você abre os olhos e simplesmente vê que construiu um belíssimo castelo com estrutura do metal mais barato...e aqueles planos se dissipam, desabam.
E você acordou de maneira tão brusca que só o ato de dormir, ou melhor, sonhar, já lhe parece pesadelo. Qualquer insinuação, qualquer fagulha, suspiro ou pensamento que sugira uma possibilidade de romance é enfrentada como um crime, defendida com armas que vão de lanças indígenas, espadas e bombas caseiras à água benta e crucifixos.
Mas passado tempo considerável do trauma, lá está você: mais forte, entendendo e encarando com mais clareza os fatos ao redor. Até que aquela vida sentimental sem vida e sentimento - com proposital redundância para reforço da idéia - vai se mostrando menos sedutora que no princípio desse teu renascimento, e mais monótona. No início era divertido fazer o que eles fazem só por diversão. 'Desejo sem paixão; qualquer truque contra emoção...' . Mas aí, meu amigo, é que vez ou outra você sente que falta algo...e tudo o que você quer é voltar a dormir e reaprender a sonhar. E quando tudo já indicava que a insônia havia passado a fazer parte da vida...

Jéssica R.

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